Anos 80

O que seria de nós se não tivéssemos o Rock anos 80 para lavar nossa alma, purificar o nosso sangue e livrar-nos de todo o mal? Amém Anos 80!!!

Biografia Engenheiros do Hawaii

Tudo começou em Porto Alegre no ano de 1984. Devido à greve na  faculdade de arquitetura, as aulas se estenderiam até janeiro de 85 e  diante da situação a faculdade organizou happenings com os estudantes que produzissem arte na escola.
Humberto  Gessinger (que na época tocava guitarra) ficou sabendo que Carlos Maltz  tocava bateria. Os dois esbarraram em Marcelo Pitz, (baixista), e  juntos decidiram participar da bagunça, ainda com a participação de Carlos Stein na guitarra (Nenhum de Nós), que logo deixou a banda.

Engenheiros do Hawaii???!
Na faculdade, os estudantes de arquitetura e engenharia se envolviam em rixas curriculares, filosóficas, estilos  de vida opostos... Enfim, o pessoal da arquitetura inventou um apelido  pra acabar com os inimigos. "Todo estudante de arquitetura é meio  arrogante, acha que os engenheiros estão abaixo. Tinha um pessoal na  engenharia que usava aquelas roupas de surfista, e, para irritá-los, nós  fazíamos questão de chama-los de "engenheiros" e, mais do que isso, engenheiros do hawaii, que é um paraíso meio kitsch".
Na  época, Porto Alegre e o Brasil presenciavam uma explosão de bandas  punk, quase sempre com nomes heróicos: Cavaleiros do apocalipse, Virgens  Nucleares, Legião Urbana, Titãs, Replicantes, Garotos de Rua etc... O  que segundo Humberto também contribuiu para a adoção do nome: "Sempre me  assustou essa coisa heróica da música pop, porque te leva a ser meio  semideus. Engenheiros do Hawaii era um nome desmistificador, ninguém nos  levaria muito a sério. É um nome que até hoje nos protege de nos  encararem como sacerdotes".

11 de janeiro de 1985
Essa  foi a data do primeiro show, por sinal coincidindo com a abertura do  Rock in Rio I. Enquanto no Rio são soltas centenas de pombas da paz os  três engenheiros apresentavam com um repertório variado que ia de "Ô  Mônica, abrace o elefante...", passava pelo jingle do chocolate Sem  Parar, Lady Laura (Roberto Carlos) até a abertura do seriado Hawaii 5.0,  além de uma ou duas músicas próprias, todas tocadas em compasso de  reggae. "O Marcelo adorava e era a coisa mais fácil de tocar" lembra Humberto.

Saindo da capital
Na  semana seguinte tocaram na faculdade de medicina (palco das primeiras  vaias), em um bar, em outro, em outro... De bar em bar resolveram viajar  pelo interior do Rio Grande. "Chegávamos nas rádios de manhã com uma  fita para o cara da rádio, ele tocava e fazíamos o show à noite. Foi  quando aprendemos qual é o botão de volume e o do tom da guitarra".
Naquele  tempo a BMG resolveu lançar a coletânea Rock Grande do Sul, só com  bandas dos pampas. Produziram um festival no Gigantinho para escolher os  grupos, os Engenheiros passaram no teste... por pouco!
"Fomos tocar sem esperança, só depois fiquei sabendo que nos incluíram no disco porque outra banda desistiu", conta Humberto.

Longe demais das capitais
Eles  entraram no lp com duas canções, e uma delas, Sopa de Letrinhas,  estourou no sul. Com o sucesso a BMG decidiu bancar um lp só dos  Engenheiros - e nasceu Longe Demais das Capitais, produzido por Miguel  Plospschi. O norte musical do disco apontava de leve para o Ska: "Era a  única coisa que eu sabia tocar na guitarra. Tinha trios que nos davam o  norte, como o Paralamas e o Police. Mas isso era um fino verniz que logo  saiu", lembra Humberto.
Puxado por músicas como Toda Forma de  Poder, que foi tema de uma novela global (Hipertensão), Crônica, Longe  Demais das Capitais e Sopa de Letrinhas, os Engenheiros logo foram  ganhando status fora do sul.

Guitarra Nova
Marcelo  Pitz não conciliou a vida de músico com a de recém casado e saiu da  banda ás vésperas de um novo disco. Humberto e Carlos continuaram a  ensaiar, Humberto agora tocando com o baixo emprestado de Marcelo. Só  que ainda estava faltando um elemento - a guitarra. Surge para completar  a banda Augusto Licks, que conheceu os Engenheiros por intermédio de  Nei Lisboa, que já havia feito uma participação no Longe Demais...

"Levi - Straus na baia de Guanabara"
Augusto  tinha uma guitarra mais anos setenta, que juntamente com o  amadurecimento de Humberto como compositor, trouxe outro ritmo a banda.  Surge o segundo lp do trio: A Revolta dos Dândis (1987), produzido por  Reinaldo Barriga Brito. Neste disco começaram os primeiros "enroscos"  com a crítica. Os Engenheiros eram chamados de elitistas, e até  fascistas. Acusações causadas pelas citações presentes nas letras de  Humberto que iam de Albert Camus a Jean Paul Sartre. Além da conhecida  história do show que os engenheiros fizeram para uma comunidade judaica,  em que o Carlos se apresentou com uma camiseta com a estrela de Davi  desenhada, enquanto Humberto tocou com uma camiseta que trazia estampada  a cruz suástica.
Humberto e Carlos respondem as acusações:
Humberto:  "Às vezes, a citação não precisa ser entendida. No mundo de hoje não  tem diferença entre Albert Camus e Mike Tyson. São dois produtos de  consumo. Eu saboreio Camus como saboreio Myke Tyson. A maioria do povo  brasileiro entende mais de existencialismo do que de boxe. Cito Camus  porque está mais próximo de mim. Acho que as pessoas entendem o que é  "dândi", pelo menos tanto quanto eu. A "obra aberta" possibilita que uma  música seja entendida em todos os níveis. Os Titãs conseguem isso.  Caetano, o mais genial de todos, não consegue. Talvez nem a gente  consiga. A nível de "intelectuália" citar Camus é kitsh e demodé. Pra  agradar a crítica eu citaria Levi Straus na baía de Guanabara".
Carlos:  "Fascista não é fazer citações pretensamente intelectuais, mas deixar  de fazer por julgar que as pessoas não vão entender. Isso é intelectual e  elitista".
Faíscas com a critica à parte, o público tomou o  caminho oposto e o disco emplacou sucessos como: Infinita Highway, Terra  de Gigantes, e A Revolta dos Dândis.

Alternativa Nativa *
*  texto extraído de "BRock - pop/rock brasileiro dos anos 80".  Agradecimentos a Thiago Picolo - Baseado no livro de mesmo nome de  Arthur Dapieve.
Apesar dos dois bons discos, os Engenheiros ainda  não haviam sido admitidos na primeira divisão do BRock. Ainda eram uma  banda colocada para abrir noites para um grupo audivelmente inferior  como o Capital Inicial. Foi o que aconteceu no terceiro festival  Alternativa Nativa realizado no Maracanãzinho entre 14 e 17 de julho de  1988. O Legião Urbana tocou sozinho nas duas primeiras noites e os  Paralamas idem na última. Mas Gessinger, Maltz e Licks tiveram que abrir  para a banda de Dinho Ouro-Preto na noite de sábado, 16. Eles ficaram  ao mesmo tempo perto, abaixo e acima do Capital. O show dos Engenheiros  foi uma espécie de rito de passagem entre a garagem e as grandes arenas.  Nem o tropeço literal que Gessinger deu no palco ainda na primeira  música, Longe demais das capitais, quebrando seu baixo, fez o trio  perder o rebolado diante das 20 mil pessoas que lotavam o estádio. A  partir daí, os Engenheiros encheriam estádios Brasil afora - sobretudo o  Gigantinho de sua cidade natal, lotado sucessivas vezes.

Ouça o Que eu Digo Não Ouça Ninguém (1988) 

Um  ano depois do revolta os Engenheiros lançam um novo lp - Ouça o que eu  digo não ouça ninguém. Neste disco começam a aparecer elementos novos na  música dos Engenheiros. Pela primeira vez o teclado é incluído nos  arranjos, e surge aí também a primeira composição de Gessinger e Licks -  Variações sobre 1 mesmo tema. Mais uma vez a banda é alvo da crítica,  desta vez em relação aos clichês subvertidos presentes nas letras de  Gessinger.
Carlos: "Somos absolutamente fascinados por isso,  frases de efeito ou sei lá como chamam. De repente, duas coisas  estandardizadas como o símbolo hippie e uma engrenagem, quando juntam  vão formar uma outra coisa. Essa é uma viagem da banda".
Humberto:  "O que me fissura nos ditados é que são superpresentes. Fico atento pra  pegar essas pérolas, essas frases de caminhão. A gente subverte uma  palavra no fim e já cria um efeito ambíguo. O nonsense e o abstrato são  geniais, o supra sumo da cultura ocidental. Mas hoje em dia eu tenho  horror da sua vulgarização. Acham que todo nonsense faz sentido,  caretearam. O que a gente tenta é sair desse atoleiro de nonsense. É  buscar o significado e enlouquecer, desmistificar a razão. Pegar um  ditado teoricamente careta e subverte-lo".
Deste lp nasceram  sucessos como: Ouça o que eu digo, não ouça Ninguém, Somos quem podemos  ser, Tribos e Tribunais e A verdade a ver navios.

A caminho das capitais
Com  o lançamento do terceiro disco os Engenheiros mudaram-se para o Rio de  Janeiro. "Se a gente não viesse, a banda acabava(...) A gente foi quase  expulso. Não pelas bandas mas por todo o ambiente que se formava. Não  queríamos virar para o sul o que a Carmem Miranda é para o Brasil.(...)  Não nos sentíamos capazes de representar o Rio Grande do Sul. Não  representávamos porra nenhuma. Nossas famílias estão há apenas duas  gerações por lá. não consigo nem diferenciar uma vaca de um cachorro se  ele não latir", explica Humberto.
Carlos complementa: "Vaca é aquilo que tem na capa do Pink Floyd.... Mas pra mim tanto faz morar aqui ou em Porto Alegre. A minha rotina é exatamente a mesma. Eu nunca saio de casa".
"A  mudança para cá não foi uma experiência. No início, já existia essa  possibilidade. E já estávamos virando um chavão em Porto alegre, 'os  representantes do rock gaúcho'", emenda Augusto.

Do Rio direto pra Moscou
Em  89 os Engenheiros andaram visitando terras russas. "Quando recebemos o  convite, pensei que iríamos tocar na Lua, mas, na verdade, fomos até  Marte", brinca Carlos. Empolgados com o convite para tocar em Moscou, os  três chegaram a estudar russo por duas semanas e distribuíram, no show,  panfletos com as letras do grupo vertidas para o Russo. Mesmo assim os  soviéticos não entenderam nada. "É que nossas músicas não retratam a  realidade deles", justifica Humberto.

"Um retrato do que já foi feito e um esboço do que vai rolar"
No mesmo ano os Engenheiros lançam o quarto disco, desta vez ao vivo.
Alívio  Imediato reúne grandes sucessos do grupo como Terra de Gigantes e Toda  Forma de Poder em gravações ao vivo, algumas delas embaladas em novos  arranjos feitos especialmente para os shows. O disco foi gravado no  Canecão e fazem parte também duas músicas inéditas: Nau à Deriva e  Alívio Imediato, ambas gravadas em estúdio.
Não se tratava, porém,  de um "disco de sucessos". "A princípio éramos contra isso, queríamos  mostrar o outro lado da banda. Quando ouvimos a fita do show, vimos que  era uma demagogia, porque as músicas que ficaram mais diferentes foram  as que tocaram na rádio. As outras tocamos praticamente igual. Diante  deste impasse, optamos pelas melhores, hits ou não", explica Humberto.

Quem é mais pop???
Em  1990 os Engenheiros lançam o quinto lp - O Papa é pop. Neste disco a  banda grava pela primeira vez uma música que não foi composta pelo grupo  - Era um garoto que como eu amava os beatles e os Rolling Stones,  primeira música que Humberto aprendeu a tocar ao violão, ainda criança,  e que era tocada inicialmente pela banda em showmícios para eleição  presidencial de 1989. Este disco alçou os Engenheiros a categoria de  "melhor banda de rock do Brasil". Vendeu mais de 350 mil cópias e  estourou com as músicas: O Papa é pop, Exército de um Homem só, Era um  garoto...(por coincidência em uma época de guerra), Pra ser Sincero e  Perfeita Simetria. Além de tantos sucessos, as rádios ainda descobriram  Refrão de Bolero, música do segundo lp da banda.
O disco  caracteriza uma estética "limpa", desde a capa até o som, gravado com  bateria eletrônica, guitarra e baixo totalmente limpinhos. Marca também o  batizado da banda como produtora de seus discos, fato que se repetirá  nos próximos dois LPs.
Ignorados pela Folha, elogiados pelo New York Times
No  meio de toda essa briga com a crítica os Engenheiros foram convidados  para tocar no Rock in Rio II, juntamente com Guns n'Roses, Sepultura,  Capital Inicial, Lobão etc... Enquanto outros artistas nacionais eram  apedrejados pelo público os Engenheiros fizeram um show que levantou o  público com sucessos como Alívio Imediato emendada com Help dos Beatles  e Era um garoto... Os Engenheiros foram a única banda brasileira a se  apresentar no festival elogiada pelo jornal americano New York Times,  enquanto a Folha de São Paulo ignorava solenemente duas apresentações da  banda para um Ibirapuera lotado, não divulgando nem em roteiro.

"Prenda minha parabólica, princesinha Clarabólica"
Em  fevereiro de 92 nasce a primeira filha de Gessinger - Clara. O músico  deixou de lado as apresentações da banda e assume sua corujisse em  relação a Clara. "Nessas horas é que a gente vê como o homem fica pra  trás, e o que vale mesmo é a mulher". A banda parou as apresentações em  dezembro do ano anterior para que Humberto pudesse acompanhar o  nascimento da filha. "Nada nem a banda me faria ficar sem ser pai" diz.  "Já prometi pro maltz que ela será baterista", brinca Humberto.

A cobra morde o próprio rabo
Em  1991, lançam Várias Variáveis, que marca o fim de uma trilogia iniciada  com A Revolta dos Dândis (que tinha a capa amarela), e continuou com  Ouça o que eu digo, não ouça ninguém (de capa vermelha). Com o verde de  Várias Variáveis, completam-se as três cores primárias da bandeira do  Rio Grande do Sul.
O disco trás uma cover de Herdeiro da Pampa  Pobre do Gaúcho da Fronteira, uma homenagem a São Paulo e a Caetano com  Sampa no Walkman, referências ao movimento político dos anos sessenta em  O sonho é popular, além da irada Sala Vip, composta nos bastidores do  Rock In Rio II.
Foi o segundo disco produzido pela banda e abre um  espaço para a improvisação em takes falsos como na música Curtametragem  e até o som do banquinho do piano rangendo em Descendo a serra. Fez  sucessos como Piano Bar, Ando Só, Muros e Grades, e Herdeiro da pampa  Pobre.

Música Popular Brasileira ou Rock Progressivo Inglês???
No  ano seguinte é lançado GLM - Gessinger, Licks & Maltz, sétimo disco  do grupo. O lp trás referências, quase apologias ao rock progressivo  inglês, que vão desde os arranjos de guitarra de Licks, até o próprio  formato do disco, com músicas emendadas formando uma geometria perfeita  como uma esfera. Os vocais mostram uma nova face de Gessinger, sem medo  de tons mais altos como em No Inverno fica Tarde + Cedo.
Trouxe dois sucessos: Ninguém = Ninguém e Parabólica, composta para Clara, filha de Gessinger.

Abrindo pro Nirvana
No início de 93, os Engenheiros participaram do Hollywood Rock, abrindo o show do Nirvana, maior banda do movimento grunge, em pleno auge do movimento grunge. "Tocar Parabólica antes do show do Nirvana é uma boa coisa pra ti contar pros teus netos", lembra Humberto.

Filmes de Guerra, Canções de amor
Foi o nome do oitavo disco da banda, fazendo referência a uma canção do disco A Revolta dos Dândis.
O  disco foi gravado ao vivo na sala Cecília Meirelles no Rio de Janeiro. É  um semi- acústico gravado com guitarras, percussão e piano, além de  músicas arranjadas por Wagner Tiso e acompanhadas pela Orquestra  Sinfônica Brasileira. Trouxe canções rearranjadas até do primeiro disco,  além de quatro inéditas: Mapas do Acaso, ?Quanto vale a Vida?, Às Vezes  Nunca, e Realidade Virtual, as duas últimas gravadas em estúdio.
Pedro  Só, em crítica publicada na extinta revista General, define: "(...)O  disco traz lindas canções acima dos parâmetros pop(...) Quanto vale a  vida , podia ser Dylan, mas foi Gessinger mesmo quem escreveu. Em Filmes  de Guerra... fica mais fácil perceber a grandeza das músicas deste que é  um dos mais afiados compositores do país, independente de gênero ou  geração(...) A guitarra de Licks é elegantíssima, mas Gessinger canta  versos elevados sem a menor intenção de ser cool, rasgando-se em alguns  rompantes. É pena que muita gente só vá perceber o valor desta galharda  gaúcha quando a Marisa Monte resolver gravar alguma destas  pérolas(...)".

arimbando o passaporte
No esquema de  divulgação do álbum, foram incluídas apresentações no Japão e nos EUA.  Segundo Carlos no Japão a maioria da platéia era formada por brasileiros  que estavam morando e trabalhando lá. Mas os Engenheiros dizem que não  estavam interessados em atingir um novo público. "Não queremos  conquistar a América. O primeiro mundo não precisa dos Engenheiros. Se o  público gostar do nosso som, ótimo. Mas o que atraiu mesmo agente foi a  possibilidade de tocar para os brasileiros fora do país, esses caras da  diáspora."
Deste disco, foi extraído o 1° Home Vídeo dos  Engenheiros gravado e lançado junto ao Filmes de Guerra... O vídeo traz  imagens colhidas no Japão, em Los Angeles, alguns clipes históricos,  além de toda a gravação do Filmes de Guerra.

Engenharia de Metais Pesados
No  final de 93 o clima começa a pesar nos Engenheiros, e causa a saída do  guitarrista Augusto Licks. São várias as versões da história: Na  primeira diz-se que as brigas  começaram por uma divergência de opiniões no grupo a respeito do  repertório acústico de Filmes de Guerra,segundo se comentou Augusto  queria que se levasse orquestra para os shows, enquanto Humberto e  Carlos preferiam a agitação dos shows elétricos.
Numa segunda  oportunidade divulgou-se que Humberto teria tirado Licks da banda porque  não gostava que ele fosse considerado o único músico da banda, noticia  negada em carta a revista que a divulgou.
A terceira e mais  provável versão é que em meio a rixas internas e discussões, Augusto  sentindo que a relação com os outros integrantes estava se tornando  inviável, registrou o nome Engenheiros do Hawaii como sendo de sua  propriedade. Gessinger e Maltz entraram na justiça declarando que é  pública e notória a posse por parte deles do nome Engenheiros do Hawaii.
Rolou  a maior baixaria, com trocas de insultos e acusações de todos os lados,  e depois de muita lama rolar Carlos e Humberto ficaram com o nome.

Um guitarrista de Blues ataca no Rock
Humberto  descansava em Gramado quando viu no jornal a foto de uma banda gaúcha,  Big Family, onde aparecia um dos músicos que achava que conhecia.  Olhando melhor reconheceu o amigo de infância, Ricardo, e retomou os  contatos suspensos há dez anos.
Gessinger teve que vencer a  resistência do velho amigo e ex-colega de primeiro e segundo graus do  Colégio Anchieta. "O cara não acreditava nos convites, pensava que era  brincadeira".
O novo guitarrista Ricardo Horn, tinha pelo menos  uma coisa em comum com Augusto: os dois freqüentavam o mesmo bar no  bairro do Bom Fim, em Porto Alegre. No entanto trazia consigo uma  formação diferente da de Augusto. Enquanto Licks trabalhava uma linha  mais popular em parceria com o compositor Nei Lisboa, Horn tocava blues e  jazz.

Os dois últimos Engenheiros
Os Engenheiros  continuaram com a turnê de Filmes de Guerra..., quando encontram  Fernando Deluqui. Recém saído do RPM, onde tocava guitarra, Fernando  participa de algumas jams com o grupo e logo depois vem a ser o sexto  engenheiro da história da banda.
Meses depois entra na banda Paolo  Casarim, para tocar acordeon e teclados: "Eu queria um sanfoneiro, mas  que não fosse um sanfoneiro sanfoneiro, queria uma pessoa que tivesse  uma formação maior de teclas, e o Casarin serviu como uma luva",  justifica Humberto.

"Voltamos enfim ao início"
No  fim de 1995, após dois anos sem gravar, os Engenheiros lançam Simples de  Coração, um álbum diferente, com acordeom, guitarras mais pesadas e  pela primeira vez traz uma música da banda que não tem a participação de  Gessinger na composição: O Castelo dos destinos Cruzados.
Segundo  Humberto, a partir do momento que a banda já não é mais um trio, é  muito mais fácil compor e tocar, existem mais elementos pra se formar o  bolo. Diz também que os Engenheiros mudaram pra não virarem cover deles  mesmos, que não agüentava mais ficar no palco com um monte de pedais.
O  disco foi gravado em Los Angeles, e depois de três álbuns se auto  produzindo a banda optou por uma produção gringa, que ficou a cargo de  Greg Ladany.
Foi gravada também uma versão em inglês do disco, que  está na mãos da BMG. O disco trouxe sucessos como A Promessa, À Perigo,  e Simples de Coração.

Humberto Gessinger Trio
No  decorrer da turnê de Simples de Coração Humberto se juntou a dois  amigos: Luciano Granja (guitarras) e Adal Fonseca (bateria) para formar  um grupo de rock instrumental. A banda no início chamava-se Trinta e  Três Espadas, chegaram a abrir shows da banda dos roadies dos  Engenheiros, e no final de junho gravaram o primeiro disco. A esta  altura o grupo já se chamava Humberto Gessinger Trio. O Trio fazia um  rock básico, seco e enxuto, sem pretensões, destes que a muito não se vê  no chamado Brock. O cd traz pérolas da poesia de Humberto, como Vida  Real e Freud Flintstone. Enfim...um disco pra quem gosta de rock...  baixo, guitarra e bateria... um, dois, três e foi...

"...do pampa o vento, violino minuano..."
Em  97 novos ventos trazem mudanças aos Engenheiros, Carlos deixou a banda  para se dedicar a um novo grupo: A Irmandade. Gessinger reassumiu o nome  e injetou sangue novo na Engenharia Hawaiiana. Com nova formação, agora  Luciano Granja, Adal Fonseca e Lucio Dorfman, respectivamente  guitarrista, baterista e tecladista, os Engenheiros voltaram com novo  disco intitulado Minuano. Trazendo uma mistura de regionalismos,  tecnologia, e a habitual verve das composições da banda, o disco  emplacou sucessos como A Montanha e Nuvem. Produzido por Nilo Romero, o  disco trouxe a participação de Kleiton Ramil (dos irmãos Kleiton e  Kledir), além de uma versão de "Alucinação" de Belchior.

"Tchau controles... Tchau opressão... Tchau Big Brother... Oi vida... Oi risco"
Em  1999 os Engenheiros mudam de gravadora. Saem da BMG e entram na  Universal pela qual lançam o 11° disco da carreira: !Tchau Radar! "Tchau  Radar é um grito de libertação. Tchau controles... tchau  opressão...tchau big brother...oi vida...oi risco", define Humberto.  Entre as composições de Gessinger aparecem duas versões: a primeira pra  Negro Amor - da original It´s All Over Now Baby Blue, de Dylan, vertida  por Caetano Veloso e Péricles Cavalcante e imortalizada na voz de Gal  Costa, e Cruzada, de Tavinho Moura e Márcio Borges, numa versão de  apenas cordas e voz. Eu Que Não Amo Você ganhou as rádios, merecendo  versão acústica e vídeo clipe, do mesmo modo que Negro Amor, que também  teve uma segunda versão (mais pesada) e videoclipe dirigido por Isabel  Diegues.

Há mais de mil destinos em cada esquina...
10.000  Destinos, um dos nomes pensados para o Tchau Radar e título da oitava  canção deste disco, batizou o disco seguinte dos Engenheiros. Gravado ao  vivo no Palace em março de 2001, o disco veio fazer jus a tradição dos  discos ao vivo dos Engenheiros, todos gravados a cada três discos de  estúdio. Os hits ganharam novas versões, como Toda Forma de Poder e  Refrão de Bolero acompanhadas por Renato Borghetti. Rádio Pirata do RPM e  Quando o Carnaval Chegar, de Chico Buarque também ganharam versões, mas  desta vez em estúdio, acompanhadas das duas inéditas Números e Novos  Horizontes. "Dos dez mil possíveis destinos de uma canção, no show se  escolhe um...quase nunca perfeito tecnicamente, mas sempre com a força e  emoção da vida real, sem retoques. Correr este risco é maravilhoso."  Revela Humberto.
Ainda na turnê 10.000 destinos - a maior da  história da banda - os engenheiros voltam ao palco do Rock in Rio para  fazer um dos últimos shows da formação Gessinger, Fonseca, Granja &  Dorfman que anunciam seu afastamento da banda para se dedicar ao projeto  Massa Crítica.
De um primeiro encontro no palco do Rock in Rio,  Paulinho Galvão, na ocasião acompanhando Paulo Ricardo, assume a  guitarra dos engenheiros, mas desta vez não sozinho. Humberto, depois de  14 anos responsável pelo baixo da banda, volta as guitarras. "os  guitarristas nunca protegeram a minha voz, to atrás de abrigo pra ela"  diz Humberto. Juntam-se ainda ao grupo Bernardo Fonseca e Gláucio Ayala.  "Gláucio Ayala, toca bateria e faz os vocais de apoio nos shows. Além  da competência musical, é o cara de melhor astral com quem já toquei. No  baixo, Bernardo Fonseca. Apesar de ser o mais jovem, ficou com a parte  mais delicada, já que era meu este território desde o segundo disco da  banda. Em pouco tempo ele conseguiu achar a medida certa entre a  tradição da engenharia hawaiiana e a personalidade própria.  Freqüentemente me esqueço que já toquei baixo naquelas músicas."

10.001 destinos
Pra  selar os novos tempos sai 10.001 destinos, uma edição especial revista  de 10.000 destinos dando prosseguimento a maior coletânea dos  Engenheiros já lançada, completando 26 músicas em 2 discos. A capa com  novas cores e a apresentação dos novos integrantes adicionam um sabor a  mais, e especial, ao disco original: 16 músicas gravadas ao vivo no  Palace, mais 4 feitas em estúdio. Com as 7 novas em estúdio, 10.001  Destinos soma Lado A e Lado B, sucessos e canções referenciais dos  Engenheiros.

Surfando Karmas & DNAGravado  entre junho e novembro de 2001, sem sair de estrada, o disco Surfando  Karmas & DNA foi fruto de atividade intensa, sendo o ano de sua  composição e gravação o segundo com maior número de shows na história do  Engenheiros. O disco conta com participações mais que especiais, como  Carlos Maltz e Renato Borghetti. Surfando Karmas & DNA é  classificado por Humberto como sendo da mesma família de Revolta dos  Dândis (1987) e Ouça o Que eu Digo: Não Ouça Ninguém (1988).

Fonte : Site Oficial  


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